Uma pequena pedra,
que custa R$ 5 e causa efeitos devastadores é a responsável pela criação de uma
sociedade. Profissões, residências, relacionamentos e até turismo de crack
fazem parte deste universo paralelo, que habita esgotos, túneis, praças, pontes
e viadutos da Capital. Um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz, em
parceria com a UFSC e a Guarda Municipal, revelou os pontos de uso da droga e o
perfil dos usuários: quem são, o que fazem e por que chegaram ali. A conclusão
é de que Florianópolis é um lugar atrativo para craqueiros.
O relatório aponta
que a cidade é um lugar fácil para se conseguir dinheiro, pois o povo é muito
caridoso. Tem craqueiro que consegue até R$ 150 em um dia — diz o guarda
municipal Joel Padilha.
Abandono da
família e gravidez indesejada Não há um número exato, mas foram registrados
mais de 700 usuários de crack na região, sendo que 87% deles não eram nascidos
na Capital. O universo paralelo, porém, não gira apenas em torno do dinheiro
para a compra da pedra. O relatório cita o afundamento nas drogas por abandono
da família, relacionamentos amorosos e até gravidez indesejada e posterior
aborto.
O mundo das drogas
também envolve migração, e a porta de entrada da cidade é tão acessada quanto a
de saída. Alguns param de usar crack por um tempo, voltam para casa e depois
retornam às ruas. Joel diz que eles brincam com estas recaídas no mundo real: contam
que foram dar uma engordadinha — diz o guarda, em referência ao emagrecimento
causado pelo uso do crack.
O que fazer se eu
encontrar um usuário de crack?É justamente isso que a prefeitura quer fazer: um
protocolo para definir o que será feito com craqueiros. A orientação primeira é
levá-los aos postos de saúde ou CAPS. Existem três tipos de internação:
compulsória (feita judicialmente), involuntária (feita pela família) e
voluntária, onde o próprio usuário vai até o centro de reabilitação. Nem sempre
a internação é a melhor saída, então é preciso que um profissional analise o
caso.
As ocupações dos usuários
Flanelinhas Chegam
a ganhar R$ 3 mil por mês extorquindo motoristas que querem estacionar seus
carros em lugares públicos. Vários flanelinhas não são usuários de crack, mas
outros fazem dela sua profissão para sustentar o vício. A prática é ilegal.
Prostitutas
Mulheres não têm nenhum serviço de comunidades terapêuticas para tratamento em
Florianópolis e geralmente vivem em lugares onde possam viver da prostituição.
Vivem na honestidade, já que a prática não é proibida no país.
Ladrões vilões da
segurança pública, roubam quaisquer objetos que possam ser vendidos e
revendidos. Invadem casas e alguns chegam a usar armas para roubarem pedestres.
Muitos largam a vida do crime porque acham que o risco de serem presos não
compensa o preço da pedra e se aproveitam da caridade dos cidadãos e vão
esmolar.
Catadores usam a
reciclagem como meio de conseguir renda para comprar a droga. Assim como os
flanelinhas, eles também fazem parte de um grupo que não necessariamente usa
crack. A atividade é legal.
Pedintes Vão para
as ruas e semáforos pedir esmolas. A renda média é de R$ 60 diários, mas há
relatos de até R$ 150 angariados em um único dia. A Secretaria de Segurança de
Florianópolis pede para a população não dar dinheiro à pedintes. Turistas vêm
para Florianópolis se aproveitar do aumento da população para conseguir mais
dinheiro (entre as diversas profissões acima citadas). Há casos de deficientes
físicos que usam de sua condição para conseguir transporte gratuito e conseguem
viajar pelo país inteiro.
Fonte: Diário Catarinense.
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